Prepare-se para ouvir uma verdade, pois hoje “o rei não está nu”.
Na pedagogia musical, costuma-se definir a prática formal de aprendizagem como aquela que ocorre em ambientes estruturados, como escolas de música, conservatórios ou em aulas particulares, e que segue um currículo ou um plano de estudos pré-definido. Esse método é conduzido por um professor ou instrutor, que orienta o aluno por meio de lições sequenciais, exercícios técnicos, leitura de partituras e avaliações regulares, em sua maioria direcionando o aluno para a execução de peças escritas do repertório da tradição europeia (mozart, bach, beethoven, chopin e por ai vai).
A prática informal de aprendizagem, por outro lado, é tida como aquela que ocorre de forma espontânea, muitas vezes fora de instituições formais e sem a presença de um instrutor. Essa prática seria marcada, então, pela liberdade e pela experimentação, onde o aluno aprende por meio da imitação, da audição, de tentativa e erro, e da interação com outros músicos. Na prática informal se valoriza a improvisação, a criação, e um manuseio pessoal dos elementos harmônicos, rítmicos e melódicos, permitindo que o aluno explore e descubra de maneira em parte autodirigida.
É um grande engano pensar que a música popular, ou qualquer gênero não-erudito, pode ser aprendido sem um caminho educacional sólido e bem estruturado.
O ensino da música popular requer, de fato, o domínio de técnicas específicas, o entendimento de teorias harmônicas, características rítmicas, além de habilidades em improvisação e audição. E para alcançar esse desenvolvimento (que é considerável), é fundamental um processo pedagógico cuidadosamente planejado.
Quem diz que o conservatório não poderia incluir práticas de desenvolvimento pessoal, exploração dos elementos musicais, improvisação, e a criação de músicas e melodias que vão além da partitura?
E quem diz que o músico popular não precisa aprender a ler partituras, desenvolver técnica em seu instrumento e adquirir um conhecimento profundo de teoria musical, como o domínio da harmonia funcional, cuja aplicação prática, aliás, é frequentemente negligenciada nos conservatórios?
Está na hora de repensarmos esses conceitos, acedendo a uma visão mais ampla, mais justa e democrática e mais sensata.